Famosas que assumiram relação homossexual falam de preconceito

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"Você deveria morrer", "Merece um câncer" e "Vai ser esquartejada". As ofensas - pesadíssimas - contra casais homossexuais estão presentes no cotidiano de quem se expõe publicamente e revela amar outra pessoa do mesmo sexo. O principal ambiente para as agressões são as redes sociais e, quando as protagonistas são mulheres, a impressão é que os ataques são ainda mais violentos.
Decidimos ouvir famosas que lidaram - e ainda lidam - com as consequências de decidirem falar abertamente sobre sua orientação sexual.
Em um post feito na semana passada no Instagram, a jornalista Malu Verçosa, mulher de Daniela Mercury, relembrou a própria história quando, em 2013, ela e a cantora revelaram o relacionamento no Instagram.
"Em poucos dias, eu e Daniela faremos 3 anos do nosso casamento no civil. Estamos juntas há 4 anos. Cerca de 6 meses depois que estávamos juntas, fizemos nosso anúncio público aqui mesmo no Instagram (não assumimos nada!). Naquela época, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo era muito mais tabu do que é hoje. Nossa coragem abriu portas de respeito e igualdade que jamais serão fechadas novamente", escreveu.
Malu diz que atribui os fortes ataques a mulheres homossexuais nas redes a falta de igualdade de gênero. "O machismo é a pior doença social do Brasil hoje. É por parte dos homens contra as mulheres e também das mulheres contra as mulheres. Somos criados e educados de uma maneira que o machismo fica entranhado dentro da gente e temos que nos policiar para não agir dessa forma", afirma.
Malu Verçosa e Daniela Mercury (Foto: Instagram / Reprodução)Malu Verçosa e Daniela Mercury
(Foto: Instagram / Reprodução)
Vítimas até hoje de comentários agressivos nas redes sociais por causa de sua orientação sexual, Malu diz que ela e Daniela optaram por não apagar as agressões e que a atitude é uma estratégia de conscientização.
"A maioria são perfis falsos. Nós deixamos para outras pessoas verem e se indignarem. Quando há ameaças aí então nossos advogados, que monitoram nossas redes, prestam queixa porque assim como pode ser um adolescente falando bobagem, também pode ser uma pessoa falando sério", pondera.
Malu e Daniela são embaixadoras da ONU na campanha Livres Iguais. A jornalista acredita que ainda falta um longo caminho a ser percorrido contra o preconceito, mas reconhece o avanço na conscientização da sociedade. "Houve avanços no Brasil e no mundo. Todo mundo é diferente, independente de orientação sexual. Só queremos ter os mesmos direitos", diz ela, que agora luta pela criminalização da homofobia.
Cacá Werneck e Monique Evans (Foto: Reprodução/ Instagram)Monique Evans e Cacá Werneck
(Foto: Reprodução/ Instagram)
Monique Evans, que namora a DJ Cacá Werneck há 1 ano, acredita que quando o casal homossexual homem expõe a relação, as reações são menos pesadas. "Acho que as pessoas estão mais acostumadas com homens gays e não tanto com mulheres gays. Porque não era uma coisa muito vista na TV, não tinham piadas com isso, não era tão cotidiano. E, também, as mulheres de fato não se assumiam, não saíam do armário", opina.
"É muito triste ter que esconder o que sente por outra pessoa, especialmente quando se é famoso, que fica todo mundo reparando em você. É desagradável ficar escondendo. E, se você esconde, aí que falam mesmo. O melhor é chegar e assumir logo, porque aí deixam de lado", completa.
Monique e Cacá, assim como Malu e Daniela, também preferem deixar os comentários preconceituosos nas redes expostos. "Somos bombardeadas. Teve uma época em que eu pegava só aquela frase e postava sozinha para evidenciar a maldade do ser humano. Aí todo mundo ia no Instagram da pessoa rebater e ela era obrigada a acabar com o perfil", relembra.
"Tem até quem ligue para a gente de madrugada para nos ofender. Eles sempre encontram novos meios. É deselegante e cruel", diz ela, que, apesar de tudo, afirma que o casal não se importa mais com as ofensas.
Pepê e a mulher, Thalyta Santos (Foto: Arquivo Pessoal)Pepê e a mulher, Thalyta Santos
(Foto: Arquivo Pessoal)
Pepê, da dupla com Neném, é casada com Thalyta Santos e, em breve, o casal terá gêmeos. A cantora também acredita que o preconceito é mais forte com mulheres e que os ataques partem mais de homens do que de mulheres.
"A mulher é mais criticada, sim, porque o homem sabe que a mulher é mais frágil, então dá respostas muito pesadas. Como sabe que não pode nos agredir fisicamente, senão pode se dar mal, ele põe para fora verbalmente algo muito agressivo. Eu e Neném vivemos isso mesmo muito tempo depois de falarmos sobre nossa orientação publicamente. Hoje não dou mais atenção a essas coisas", diz ela.
Pepê aconselha casais homossexuais que recebem críticas a reverterem cada comentário agressivo como um incentivo para investir na própria felicidade: "A pessoa tem que viver a vida dela e cada crítica que ouvir colocar como se fosse uma lição de vida. Se ela se assumiu, parabéns a ela, e tenho certeza que a Neném falaria a mesma coisa. Quem está falando mal, algum problema tem".
"A pessoa que se assumiu há pouco tempo acaba parando para pensar e fica triste com as agressões, é claro. Eu e Neném ficávamos mal até que decidimos que não íamos mais ficar chorando por alguém que não adianta nem conversar, que não tem coração. Mas Deus vê tudo isso. Não desejo mal, mas Deus sabe o que faz porque, lá na frente, essas pessoas podem ter um filho que tenha essa opção. Por isso, não xingo, não critico, não falo nada. Deixo com Ele", conclui.

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