'O vício faz parte dos buracos que a gente tem na alma', diz Fabio Assunção;

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Nos últimos tempos, Fabio Assunção foi alvo de vários episódios desconfortáveis: memes que viralizaram nas redes sociais; a divulgação de uma música, em fevereiro, que fazia piada com sua condição de dependente químico; e, em junho, o vazamento de um vídeo íntimo na internet. O ator de 48 anos se manteve calado, fazendo apenas declarações pontuais, como o post em que divulgou o acordo com a banda baiana La Fúria — o valor arrecadado com a música será destinado a duas organizações que trabalham com prevenção e apoio a usuários de drogas.


Agora, pouco depois de finalizar as gravações da série “Onde está meu coração” , em que interpreta o pai de uma médica dependente de crack, o ator decidiu que era hora de falar. Fabio recebeu a reportagem em seu apartamento, num condomínio de frente para a praia da Barra, Zona Oeste do Rio. Lá, entre muitos livros e discos, o pai orgulhoso de João, 16 anos, que acaba de voltar de um curso de atuação em Los Angeles, e de Ella Felipa, 8 (“Não é incrível este desenho que ela fez da Frida Kahlo?”), recebeu O GLOBO para conversar abertamente sobre drogas, sua reação aos episódios recentes e sua trajetória de ator (em 2020 ele festeja 30 anos de percurso).





— Um dos grandes problemas da dependência é as pessoas terem vergonha de falar sobre ela, porque dificulta o processo de reequilíbrio — diz o ator. — Qual a dificuldade de entender que o vício faz parte dos buracos que a gente tem na alma? O vício não é uma questão de caráter, ou de uma escolha. Não é você aceitar uma propina. É impulsão, compulsividade.

O ator fala também sobre o post recente do filho, que saiu em defesa do pai quando um vídeo íntimo foi divulgado na internet.

— Ele tem muita consciência, uma compreensão muito grande para um cara de 16 anos. Ele escreveu sozinho, não perguntou pra mim, e postou. Se alguma coisa disso tudo tem que valer a pena, é (o fato de) reverter em conhecimento e respeito, consciência humana aos meus filhos.

Fabio comenta ainda sobre os próximos projetos e, olhando para a sua trajetória, diz que foi libertador se livrar da condição de galã.

— O galã romântico é algo muito limitador. Quando você vai para o conteúdo, para a alma de uma personagem, você sai da questão estética. O que é o belo? Uma questão subjetiva. Prender-se ao conceito de belo é restringir o teu potencial artístico a uma aprovação externa, quando na verdade as personagens falam por si.

informações do jornal O Globo;


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