Familiares enterram vítimas da tragédia que matou mais de 231 no RS

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Sons de uma dor profunda. No Cemitério Municipal de Santa Maria, as despedidas se sucederam.

O Brasil acordou ainda sob o impacto da terrível tragédia que matou 231 pessoas em uma boate em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul. Na imensa maioria, jovens. O JN no Ar, com William Bonner, seguiu na noite deste domingo (27) para Santa Maria.
De acordo com a Secretaria estadual, 127 feridos estão internados no estado; 83 em Santa Maria. A maior parte, no Hospital de Caridade. Os outros 44 feridos foram para Porto Alegre, porque todos estão em estado grave. Estão em UTI e respirando com ajuda de aparelhos. O JN acompanhou o drama das famílias que enterraram seus parentes.
“Em cada canto a gente vê uma cena de dor. A gente só tem a lamentar”, disse o técnico agrícola Leti dos Anjos.
Sons de uma dor profunda. No Cemitério Municipal de Santa Maria, as despedidas se sucederam. Os dois únicos filhos da família Salla eram Marcelo, de 20 anos, e Pedro, de 17, que tinha acabado de entrar na faculdade de agronomia.
Os dramas vão se repetindo. Mariana Machado Bona, de 18 anos, tinha acabado de passar no vestibular de publicidade, e era caçula de três filhos da família. São as histórias que vão se repetindo nesse dia terrível e histórico para Santa Maria.
Enterros de estudantes, enterros de voluntários, que por terem tido atitudes heroicas acabaram falecendo. O soldado Leonardo de Lima Machado, de 24 anos, estava de folga com a mulher, se divertindo na boate. Ele conseguiu levar a mulher para casa, voltou para a boate para ajudar no resgate e acabou falecendo.
“Muita dor no coração. A gente está muito triste. Toda Santa Maria”, lamentou Ana Helena Zuchetto, amiga da família.
Roger Barcelos Farias tinha apenas 22 anos. Há poucos meses trabalhava na boate como segurança. Salvou duas pessoas, mas morreu asfixiado.
Todos os 231 corpos das vítimas do incêndio foram identificados e entregues às famílias. Durante a madrugada, muitos velórios foram feitos em cidades no interior. Tristeza também em Santa Catarina. Mas a maioria dos enterros foi na cidade da tragédia.
Os companheiros de cavalgada estavam inconformados com a morte do estudante de agronomia Silvio Beurer Junior. Com 22 anos de idade, ele era um dos mais alegres do grupo.
“Fica a lembrança do sorriso dele, da alegria que ele tinha de viver”, contou o veterinário Jorge Augusto Abreu.
Lembrança é só o que vai ficar para as famílias das vítimas da boate Kiss.
“Pais e mães que vão acordar amanhã e vão chegar no quarto dos seus filhos, o caderno que ficou, o vale da faculdade, o telefone. É uma tragédia sem fim em Santa Maria”, concluiu um homem.
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