Enchente na madrugada
Eram quatro da madrugada quando a estudante Giu acordou para tentar salvar os móveis do imóvel da família, na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Ela mora no sul da Bahia, mas veio passar as férias com a família na capital paulista e se desesperou ao ver o nível da água subindo rapidamente manhã adentro.
"Por aqui estamos tentando salvar o que for possível. O primeiro andar da casa está impossível, a água chega na cintura. Os sofás estão encharcados, os móveis quase todos debaixo d'água, e na cozinha já perdemos quase tudo", relata.
No mesmo bairro, o condomínio onde a jornalista Flávia Prado vive há seis anos ficou ilhado. Ela e outros moradores se preparavam para ir ao trabalho quando se depararam com um "mar" na porta de suas casas. "A rua alaga eventualmente, mas a água entrou no condomínio, algo inédito para mim. É triste ver quem mora no mesmo lugar que você perder as coisas", lamenta.
O comércio estima prejuízo de R$ 110 milhões.
Na rede estadual de ensino, as aulas foram suspensas em 40 escolas afetadas pelas chuvas, que continuarão sem aulas nesta terça. Na rede municipal, 44 escolas públicas tiveram aulas suspensas, mas a previsão da Prefeitura é de que todas reabram nesta terça.
A previsão é a de que o céu ainda fique encoberto nesta terça e que chuviscos atinjam a Grande São Paulo e a capital, segundo o CGE. A temperatura deve variar entre 18ºC e 21ºC. Na quarta, são esperadas chuvas rápidas e isoladas. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, declarou que os moradores da cidade que se sentirem prejudicados pelos alagamentos podem pedir ressarcimento de impostos nas Subprefeituras. Os valores, segundo ele, serão ressarcidos no IPTU de 2021.
O temporal foi provocado pela passagem de uma frente fria pela costa paulista, associada a uma área de baixa pressão atmosférica.
Segundo o CGE, em dez dias já choveu cerca de 208 mm, o que equivale a 96% da média esperada para o mês de fevereiro (216,7 mm). Apenas entre 7h e as 13h desta segunda, o volume foi de 88,7 mm na cidade.
