As máscaras descartáveis são o novo lixo dos oceanos. No Rio, onde parte da população as tem descartado de forma incorreta, está se tornando corriqueiro encontrá-las boiando nos mares ou jogadas pelas praias. Formado em Biologia Marinha pela UFRJ e diretor do Instituto Mar Urbano, o fotógrafo Ricardo Gomes registra a biodiversidade marinha carioca há mais de 20 anos e esteve, nas últimas terça e quinta-feira, nas praias da cidade e na Baía da Guanabara atrás deste descarte perigoso. Em Ipanema, registrou máscaras descartáveis boiando na água.
Na última semana, uma equipe do GLOBO encontrou máscaras descartadas na Enseada de Botafogo. Elas também são vistas com frequência no Arpoador, onde são levadas por um encontro (vórtex) de correntes e afundam no leito do mar, ficando presas na arrebentação para, depois, reaparecem na areia.
O perigo do microplástico
O ambientalista Sérgio Ricardo Verde, fundador do Movimento Baía Viva, cita que, apesar de as informações ambientais serem uma caixa-preta no Rio, sabe-se que, até a Olimpíada de 2016, a quantidade de lixo flutuante era estimada em 90 toneladas. No dia 30 de março, a ONG fez uma denúncia a promotores federais e estaduais, gerando inquéritos sobre o risco de infecção nas estações de esgoto, e pediu um plano de contingência.
Professor do Instituto de Biologia da UFRJ, o oceanólogo Paulo Salomona acompanha a evolução da nova forma de poluição no Estado do Rio, algo que, em maio, já era motivo de preocupação em Hong Kong e países banhados pelo Mar Mediterrâneo. Segundo ele, componentes das máscaras facilitam a poluição marinha por microplástico. São pedaços de material degradado que medem menos de 5mm e que estão presentes nos acessórios porque compõem fibras sintéticas usadas na produção.
O GLOBO